Tecnologia de E-commerce sem Mistério

Quando você lê o termo tecnologia de e-commerce, o que te vem à mente? Fiz essa pergunta a alguns clientes recentemente, e obtive algumas respostas interessantes. A maioria falou “tecnologia é a plataforma de e-commerce”. Outros falaram “tecnologia de e-commerce são os recursos que a loja oferece ao cliente e ao gestor”. Um outro falou em infra-estrutura e outro ainda em linguagem de implementação da loja. Pra mim, todos eles estão certos.

Então o que é realmente tecnologia de e-commerce? De uma forma simples, é a coleção de tecnologias adotadas nos vários níveis de implementação que, quando somadas, irão garantir o máximo de qualidade para sua loja. Qualidade aqui no sentido de velocidade, funcionalidade, segurança e confiabilidade, porque afinal o resto é com o lojista mesmo.

Quem me conhece sabe que sou bem técnico, mas aqui eu não quero divagar nesse submundo, então vou passar rapidamente por alguns pontos. E para não ficar pesado eu vou dividir essa discussão no meio, com dois artigos. Este é o primeiro, e você pode conferir a segunda parte: Como escolher uma plataforma de e-commerce. Confia em mim, é importante você enquanto gestor ou proprietário de uma loja virtual, entender um pouco dessas aplicações de tecnologia. Respira fundo agora, e vamos nessa!

Linguagem de Programação da loja virtual ainda faz alguma diferença?

Será que uma loja virtual implementada em Java é melhor que uma outra implementada em PHP? Será que uma loja Magento é melhor porque usa PHP? São dúvidas comuns, ainda que cada vez menos frequentes. Antigamente era preciso considerar seriamente a linguagem, o banco de dados da sua loja. E até mesmo o Sistema Operacional (Linux ou Windows) por trás da sua plataforma. Mas o mundo gira muito rápido nesses tempos, e isso está ficando cada vez mais irrelevante.

É sério! Em primeiro lugar é cada vez mais comum que projetos utilizem várias linguagens de programação ao mesmo tempo. Ainda que em áreas diferentes do projeto ou aplicação. Em segundo lugar, a competência e suporte por trás da plataforma é muito mais importante do que os detalhes de implementação. Eu cheguei inclusive a uma conclusão curiosa: a época da plataforma de e-commerce própria já acabou. Deixa pra lá essa coisa de escolher linguagem e sistema, e passe a escolher fornecedor e funcionalidade (e então preço). Tenho visto que focar no e-commerce como um serviço gera muito mais resultado no curto, médio e longo prazo.

Mas no caso da minha empresa…

A não ser que você tenha um forte motivo, evite montar sua loja usando tecnologias como WooCommerce, osCommerce, OpenCart, Prestashop e até mesmo o Magento, em sua versão community auto hospedada. A maioria dessas plataformas são criações open source de alta qualidade. Mas que exigem uma gestão maior que desvia o seu foco do negócio para a tecnologia por trás dele. Dá pra vender muito com elas, certamente. Mas acredito que mesmo quem consegue isso venderia ainda mais numa solução mais amigável e focada.

Eu já criei lojas assim. E um dos maiores problemas era encontrar um plugin que fizesse o que eu precisava. Por exemplo, encontrar um que implementasse o Moip na época foi um desafio. Tudo isso para depois de muito custo descobrir que ele tinha bugs. E às vezes eu era obrigado a parar para consertá-los, porque o desenvolvedor já tinha abandonado o projeto do plugin.

Tecnologia na infra-estrutura do e-commerce: delegue!

Esse é um ponto sensível pra mim. Eu acredito muito que cada gerente e cada negócio deva focar naquilo que é mais competente. E que esse foco traz mais resultados para o negócio. Então, se você é um lojista de acessórios esportivos, porque deveria se tornar um expert em infra-estrutura? Porque deveria saber tudo sobre computação nas nuvens? Quando sua loja é iniciante ou tem pouco acesso, tudo é possível, inclusive criar a própria infra-estrutura de e-commerce. Tenho alguns clientes assim. Mas se você está no jogo do e-commerce para gerar riqueza, seu objetivo com certeza é ter muito tráfego e muitas vendas online! E acredite quando digo que uma infra-estrutura amadora não vai dar conta do recado. Há casos onde nem quem sabe do assunto consegue dar conta. Já viu loja sair do ar no Natal ou Black Friday? então…

Mas pode ser relevante para seu negócio manter a própria hospedagem de loja virtual, talvez por parecer mais barato para a diretoria. Então seguem algumas dicas úteis para você.

Dicas rápidas para quem precisa hospedar a própria loja

  • fuja de “hospedagem de sites” e invista num servidor VPS ou dedicado, com RAM e CPU suficiente para seu nível de acesso (especificar quanto de cada corretamente é uma outra conversa);
  • invista também em storage de alto desempenho, como SSD ou discos ainda melhores;
  • trabalhe com cache em todos os pontos que sua plataforma permitir
  • utilize o CloudFlare ou serviço semelhante para criar uma CDN bem eficiente para sua loja.

Tudo isso pode variar de uns R$50 a R$500 mensais. Deve dar conta de uma loja iniciante com até uns 10mil acessos (mas cada caso é um caso).

Para você que quer focar no seu e-commerce e não nos detalhes técnicos dele, a dica é outra: converse com o vendedor da plataforma sobre isso! Pergunte quantas lojas eles mantém, peça alguns exemplos de lojas no seu segmento e veja a velocidade delas. Pergunte se a plataforma aguentou tranquilamente a última black friday ou o último natal. Pode ser um pouco difícil confiar no que um vendedor te falar sobre isso, mas pode ser que você reconheça uma das lojas, ou talvez algumas buscas no Google sobre problemas na época te ajudem a confirmar.

Um exemplo real: infra-estrutura da plataforma iSET

Tive a oportunidade de conversar recentemente com um dos sócios da iSET, o Paulo Pina. A iSET é uma empresa mineira sediada em Belo Horizonte com 12 anos de mercado, e que oferece uma plataforma de e-commerce que conseguiu me impressionar positivamente. Me foi apresentada a infra-estrutura deles para atender as mais de 3mil lojas virtuais contratadas.

Uma única imagem, que mais parecia um mapa de tanta coisas e setas que tinha, precisou de quase 5min só para citar as devidas partes envolvidas. Tudo numa complexa estrutura apoiada na Amazon AWS, que calculei custar uma pequena fortuna. Reconheci todos os componentes como Load Balancers, CloudFront, RDS, baldes S3 e instâncias EC2. Mas reconheci também que montar tal estrutura estava além da minha capacidade (ainda bem! meu foco é outro). Se isso aconteceu comigo, que sou da área, imagina com você que é lojista ou gerente de e-commerce e tem um foco totalmente diferente!

Na Black Friday e Natal de 2018, meus clientes felizmente não tiveram nenhum problema. Alguns me relataram uma pequena queda de velocidade nas lojas da Nuvem Shop, mas nada de grave. Mas vi que algumas lojas que eu acompanhava como consumidor saíram do ar, e vi ainda algumas reclamações de usuários internet afora. E no meio disso tudo, o Paulo Pina me garantiu que nenhuma loja da iSet saiu do ar, nem teve perda de velocidade. Pelo dimensionamento da estrutura que eu vi, eu acredito nele.

Conclusão

Nesse primeiro texto sobre tecnologia em e-commerce, eu abordei a tecnologia do ponto de vista conceitual. Minha ideia aqui foi pavimentar uma linha de raciocínio para te mostrar porque provavelmente você deve escolher uma plataforma de e-commerce como serviço, e não uma plataforma de e-commerce instalada e hospedada por você mesmo. O mesmo argumento pode ser usado para desencorajar o desenvolvimento de um e-commerce próprio. Desenvolver levaria muito tempo, investimento e esforço técnico. E para talvez chegar no mesmo patamar que uma solução terceirizada te entregaria, imediatamente e por uma fração do valor investido.

Uma vantagem velada da decisão por plataformas é que você não precisa esperar muito para verificar sua compatibilidade com ela. É perfeitamente possível iniciar mais de uma plataforma e fazer comparações de operação e funcionalidades para decidir qual a melhor para sua loja virtual. E muitas vezes nem é preciso pagar por isso, já que a maioria delas oferece testes gratuitos por 15 ou 30 dias. E é sobre essa questão de decidir qual plataforma escolher que eu vou falar no próximo texto da série. Te aguardo lá!

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